Devaneios de uma cigana
Não levo malas, seriam inúteis, pois para o lugar onde quero ir, não poderia carregá-las.
Não comprei passagem, o chão me pertence, nasci sobre ele e enquanto aqui estiver sobre ele quero andar.
Nem tão pouco tirei passaporte, não preciso de um papel me autorizando a ir e vir nas terras que me pertencem.
Mas não deixo de levar nesta viagem o que mais tenho de valor, tudo o que aprendi, tudo que li, tudo que escutei e todos os meus pensamentos que são livres, como livre é meu povo.
Em cada lugar que eu parar, arrancarei um pedaço do céu e o guardarei entre minhas recordações. Separarei um pouco do aroma dos alimentos que cozinhar, e os esconderei em minha mente, para quando sentir cheiro parecido poder recordar.
Levarei comigo, cada coração que eu conhecer, de amigos, pessoas que partilharão do meu caminhar.
E o que encontrar de mais precioso no caminho... ahhhh esses sim irei num baú guardar!
Guardarei cada sorriso, cada beijo apaixonado, cada abraço apertado, cada lágrima que por ventura eu derramar.
Limparei o meu corpo nas águas dos rios, me enfeitarei com o que a natureza me der na estrada, jasmim, margaridas e todas as flores que encontrar.
Todas as noites descansarei sob as estrelas e o luar.
E somente levantarei quando os pássaros vierem me acordar!
E dançarei...dançarei SEMPRE ,quando a tristeza me visitar.
Sou cigana!
Eu não quero ir nem vir... eu só quero passar!