A MUSA E O POETA
A musa, de olhos claros e vestido branco, se aproxima do poeta e o repreende: Os versos que me tinhas, onde estão? Os versos meus e só meus, como minha boca e minhas pernas e meu ser, onde estão? Ao que o poeta lhe responde: Minha cara! Estão todos aí... Você é que não os viu tão distraída estava ao passar do vento... Então, sorridente e ligeira, pôs-se a cantar uma canção do mar e abraçou a noite e beijou a terra e calou o luar. O poeta, embevecido, tornou a escrever outros tantos versos... E tudo tão bem e tão claro e tão certo. Não tão certo, não tão claro e não tão bem porque, bem baixinho, escutava-se os resmungos do poeta: Cretina! De outra feita não me declaro mais!