FORA DAS HORAS MORNAS

"era feito aquela gente honesta boa e comovida, que caminha para a morte pensando em vencer na vida..." acho que entendo isso por horas mornas... prefiro as brasas, prefiro as geleiras...prefiro estar e me apossar, prefiro ir-me e não voltar o olhar, prefiro os gritos e os silêncios, prefiro correr e chegar, ou cair, levantar e correr, mesmo que seja de mim. é tácito, tudo deve ter a sua marca, sua passagem no tempo, sua alegria ou sua agonia, seu dia vívido...sorria, pule, cante, grite, não sem medo, não sem sombras, às vezes na hora tardia, sorria, voltei aos seus dias. lento, "expectativo", conciso, mas sou eu, sempre, quem te dirá as palavras que te faz cativa, quem te deixará dócil, menina outra vez, quem fará com que se revolte com o jugo e cresça, mostre-se plena em quem é, tu, mulher errante que me conduz, seduz, encanta e espanta, grita e canta, me faz poeta em sua poesia, pensa e eu existo, sente e eu conquisto, quer e assim não desisto, percorro meus vazios menos só, solto o passado, solto em meu voo, vou e volto-me para o seu rosto, volto para você, para dizer que... não há nada a ser dito, apenas este entendimento, este olhar atento e sem intento, o que me faz teu é ser livre, é não tê-la e conviver com sua dependência, é estarmos juntos em nossas carências e sós em nossas conquistas. o sol apareceu na janela, hora de pular o muro do quintal para um terreno baldio, ser o pequeno cidadão comum, enquanto em meu peito jaz um coração bandoleiro, àquele que assistes na tela de sua fantasia, sorria, é sempre maldito sorrir, esta é nossa forma de agredir ao mundo sem nos ferirmos, e prá fora das horas mornas queimamos nossos sonhos, construindo a realidade na qual nos permitimos viver.