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O Poeta Pleno
 
 
Não sei se valho o que penso,
e se o que penso tem valia,
assim, não me desmereço,
este é meu preço:
a dúvida do que tenho e que, em
não tendo, esqueço.
 
No tempo pronto possuo forma, no
tempo vindouro vou-me embora,
fujo dos olhos em que me vi, mas
que não viram o que vivi.
 
Destas buscas faço-me inteiro,
nelas sonho, o sonho derradeiro:
ser poeta plenamente,
ser rebelde permanente,
amante e aventureiro.
 
Seguir o pássaro que voa no nada,
seguir a flor da madrugada,
ver o dia se abrir quando a noite
insiste em prosseguir.

 
Falar às pessoas sentadas,
amar as pessoas aladas,
alienado e só,
desesperado e só;
abandonado por ser amado,

 
Só, por ser o que penso. 



o poeta escreve o poema ideal
para a musa idealizada...

Umberto Eco