QUASE MADRUGADA MAIS UMA VEZ
Agora penso no amanhecer.
Enquanto não houver alguma esmola
de paz, o risco é grande.
Periga não nascerem novos dias.
Claros, é claro. Cinzentos já o são.
Bombásticos...atômicos...atônitos...
Coréias sem rédeas. Corações sem donos.
Amantes sem leitos. Odeio cogumelos.
Quase madrugada e eu sem sono.
Com medo de dormir sonhos minados.
Tive que viver tantos anos.
Antever tantos atos. Registrar tantos fatos.
Como se nada existisse além da porta.
Por precaução, ela fica fechada.
Ilusões são alusões agora.
Precavido, arranjo uma morada nova.
Temo ainda que me desapropriem.
Mas...tanto faz...ter um teto ou não.
Vamos aguardar o parir das horas.
Logo...logo o Sol vai nascer.