DELICADEZA DUIS PÉ DE UM BURRO BRABO...- Causo na linguagem do matuto nordestino,"Infelizmente Verídico" - Matéria do Cantinho do Zé Povo - O Jornal de Hoje - Natal- RN - Ed. de 23 Out. 2010
Tem coisa qui acuntece na vida da gente, qui a gente pensa qui só acuntece cum a gente e cum mais ninguém. Verdade, meu povo! Quando a gente pensa qui já passô p’ru tôdo tipo de situação pussíve e imagináve; eis qui aparece “um presépe munto mais pió”... E êsses tróço, acuntece nais hora mais inusitada, principamente p’rum indivído qui nem eu; qui num virô santo; nem quero, mode qui sigundo meu sardôso mestre Zé Cavaicante, “quando um rim passa a sê bom; êle tá pió do qui nunca”... Se fôsse nuis tempo qui eu ingiria tôdas, ais qui pudia e ais qui num pudia tombém; eu inté ficava calado. Mais o danado é qui foi, ispíi só; dispôi de quage dezoito ano qui tô sóbrio, num domingo aproximadamente umas dez hora da noite, qui “o tróço se açucedeu”. Eu vinha cum meu genro, no carro de meu fíi; rebocá meu carro qui tinha ficado “no prego”, de lado da Loja do Nordestão de Lagoa Nova. Quando nóis paremo, naquêle retorno mode entrá no Nordestão, uma muié parô um corsa de quato porta, bem coladíin com o carro da gente. Nóis fizemo o retôrno e paremo de lado da calçada, mode dá ré e rebocá meu carro. Só qui o carro do meu fíi, tava sem retrovisô, e meu genro deu uma “incostada” no para choque do corsa verde da muié, qui eu nem anotei a praca, nem o nome dela, dada a bestêra do ocorrido. Mêrmo pruquê, ela tava cuberta de razão, no tocante ao nosso cumportamento no trânsito. Nóis tava totaimente errado. Meu fíi, essa muié parô cum gôsto de gáis! Era tanto do porra e puta qui o pariu, qui paricia qui ela tava abarrotada de tudo isso... Tirô um pôquíin da tinta do nosso carro, no para choque do carro dela; cerca de uns 10 a 15 cm., isso, sem amassá nadica de nada Tenho certeza que deve ter saído cum um simpres pulimento. Eu, pasmem vocês, queridos leitores (as), na maió cáima do mundo, e a muié “cum todos uis bute”... Vocêis já pensaro se fôsse no tempo qui eu ingiria a “marvada”; num domingo, naquêle horáro, eu “inté o gogó” de cachaça ? Vige Nossa Sinhora, num tinha dado certo não. Tinha “dado cachorro in setenta e láigatixa in dizenove”... Eu dixe a ela:
- Pode mandá pulí “êsse” pedacíin qui eu pago.
E ela, cum a delicadeza duis pé de um burro mulo qui nunca levô sela:
- E vai pagá mêrmo; você tá nervoso pruquê eu dixe puta qui o pariu ? Eu digo puta qui o pariu, quantas vêiz eu quizé...
Ainda pediu o número do meu celular, qui eu dei. Mas o fato, é qui inté hoje “êsse primô de educação” inda num se diguinô in me ligá. Eu acho qui ela levô foi um ispôrro do marido, “se é qui ela tem essa ferramenta” junto dela... E se tivé, meu fíi, coitado desse pobre vivente... Acho qui êsse pobrezíin “SOFRE MAIS DO QUI RATO IN CASA DE FERRAGE”... É de cortá coração; é quando a gente vê a validade do dito populá, sigundo o quá, “é mió tá sòzíin do qui má acumpanhado”. Iscrivinhei isso, na isperança qui ô ela, ô o marido dela, ô uma amiga, ô parente, leia e já saiba dêsse causo, naturamente “contado purela”... Findo, mandando prá “sinhora” qui eu num sei quem é, munto menos adonde mora, o qui faiz ô dêxa de fazê, uma trova minha, feita ispiciamente in sua homenage: “MUIÉ PRÁ MIM, É UM TISÔRO;/ QUAGE TÔDO HÔME GOSTA./ TEM UMAS, QUI VALE ÔRO./ JÁ ÔTAS, NUM VALE BOSTA”!... In tempo: Num arritiro uma vírgula do aqui tá registrado!...