O PASSEIO DO POETA

Com a brisa no rosto acariciando-me

os sentidos, percorro a cidade velha.

Suas ruas são estreitas e nas janelas,

vasos com flores, lembram tempos

passados.

Cordas dependuradas secam ao vento

a roupa branca, de linho e de algodão.

E detrás das vidraças senhoras idosas,

costuram velhas mantas de agasalhos,

para o Outono, acabado de chegar.

Os telhados têm musgo e as paredes,

assimétricas, são de pedra sobre pedra,

caiadas de brancos e de azuis.

Numa gaiola, um canário solitário canta

efusivamente, deliciando-me com as

suas melodias. Alguns pombos picam

o chão, procurando o que comer, nas

falhas da calçada, por entre ninhos de

formigas.

Aqui e ali, uma ou outra criança brinca

à sombra de uma árvore, enquanto os

avós conversam ou jogam ao dominó.

Rareiam os carros e uma carroça passa

guiada por um jovem petiz, trazendo o

alimento da terra cultivada nos baixios.

O sol encontra-se agora no seu zénite e

precavidas senhoras baixam os estores.

A esta hora, meio-dia, a cidade parece

adormecida e todos regressam a casa,

para almoçar e dormir a sesta.

Em um velho banco o poeta senta-se e

põe-se a escrever…

Jorge Humberto

01/10/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 01/10/2010
Código do texto: T2531668
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