EU ME VI CARREGANDO UMA CRUZ

Um sonho meio sem sentido.

Ou um acordado cheio de verdade.

Mas o fato é que eu carregava uma cruz.

Nao sei dizer do peso nem da razão.

E a subida era íngreme.

Havia um topo, sim. Nem me lembro bem

se devia botar a cruz lá em cima.

Quando se carrega uma cruz a gente

nunca pensa em outra coisa

que não seja se livrar do impiastro.

Subida...descida...tanto faz.

Pior sempre é a torcida.

Será que vai? Escorrega?

Cadê os pregos?

Eu hein! Só carrego a simbologia.

Posso até ser crucificado.

Mas nunca me chamem de Jesus.

Mesmo porque minha mãe era Amélia.

E meu pai Ernesto.

E não nasci em manjedoura.

Nasci na maternidade.

Não precisa me crucificar não!

Faz tempo que pago caro pelos

pecados que não cometi.

O duro são os juros.

Do cartão de crédito.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 22/09/2010
Código do texto: T2514534
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