EU ME VI CARREGANDO UMA CRUZ
Um sonho meio sem sentido.
Ou um acordado cheio de verdade.
Mas o fato é que eu carregava uma cruz.
Nao sei dizer do peso nem da razão.
E a subida era íngreme.
Havia um topo, sim. Nem me lembro bem
se devia botar a cruz lá em cima.
Quando se carrega uma cruz a gente
nunca pensa em outra coisa
que não seja se livrar do impiastro.
Subida...descida...tanto faz.
Pior sempre é a torcida.
Será que vai? Escorrega?
Cadê os pregos?
Eu hein! Só carrego a simbologia.
Posso até ser crucificado.
Mas nunca me chamem de Jesus.
Mesmo porque minha mãe era Amélia.
E meu pai Ernesto.
E não nasci em manjedoura.
Nasci na maternidade.
Não precisa me crucificar não!
Faz tempo que pago caro pelos
pecados que não cometi.
O duro são os juros.
Do cartão de crédito.