REDESENHANDO A VIDA

Quando criança criava monstros

que desciam chuvarada abaixo.

Naqueles aluviões da inocência,

meus monstros terríveis eram rãs,

verdes, como verdes eram aqueles anos.

Subindo depois a ladeira da mocidade,

tropecei em enormes e inexistentes degraus.

Mas, por sorte não caí. Senti que a morte,

sorrateira, me rondava. Mas não era ainda

o seu tempo, e não está sendo até agora.

Como gosto de dizer, daí, pra mais um pouco,

os amores foram grudando, igual chiclete em cabelo.

E eu, desesperado, procurando uma tesoura.

Ficasse careca, meio Kojac, meio Tas, mas

não queria compromisso com o que não sabia.

Tive sorte e azar. O primeiro amor me enganou.

E os demais também. Não achei a tesoura.

Mas achei, depois de tempos, alguém que

acariciasse meus cabelos, com chiclete e tudo.

Novos monstros surgiram. Minhas armas eram

de pequeno calibre e quase sucumbi.

Quase, quase....Depois o quase continuou

até hoje.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 16/09/2010
Reeditado em 04/12/2010
Código do texto: T2502247
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