REDESENHANDO A VIDA
Quando criança criava monstros
que desciam chuvarada abaixo.
Naqueles aluviões da inocência,
meus monstros terríveis eram rãs,
verdes, como verdes eram aqueles anos.
Subindo depois a ladeira da mocidade,
tropecei em enormes e inexistentes degraus.
Mas, por sorte não caí. Senti que a morte,
sorrateira, me rondava. Mas não era ainda
o seu tempo, e não está sendo até agora.
Como gosto de dizer, daí, pra mais um pouco,
os amores foram grudando, igual chiclete em cabelo.
E eu, desesperado, procurando uma tesoura.
Ficasse careca, meio Kojac, meio Tas, mas
não queria compromisso com o que não sabia.
Tive sorte e azar. O primeiro amor me enganou.
E os demais também. Não achei a tesoura.
Mas achei, depois de tempos, alguém que
acariciasse meus cabelos, com chiclete e tudo.
Novos monstros surgiram. Minhas armas eram
de pequeno calibre e quase sucumbi.
Quase, quase....Depois o quase continuou
até hoje.