" A CANÇÃO... DO AMOR..."
"A CANÇÃO... DO AMOR...”
Por que me persegue assim implacavelmente, ó maviosa e tenebrosa canção?
O velho piano que julgava estar definitivamente sepultado no sublime altar dos sonhos, abre-se então em flor sem oferecer qualquer resistência ao dolente e másculo toque de suas enfeitiçadoras mãos...
A luz do candelabro nele inscrutado espreita a cena e imita sorrateira o fulgor do límpido e convidativo luar...
Seu imprudente e anil olhar floresce impudico, penetrando-me voluptuoso em cada uma de minhas primaveris células...
No transcorrer da arrebatadora melodia do desejo , o perolado brinco queda inerte nas emudecidas teclas do passional instrumento...
As loiras madeixas já em desalinho recobrem em cascata as virginais montanhas sequiosas do seu ígneo e romântico calor...
E sob o abençoado e protetor manto noturno a reciprocidade dos sentidos enfim se consuma, e inexplicavelmente o piano retoma sua precoce vocação entoando radiante a absolvidora e beatífica sonata dos amantes...
Ivone Maria R. Garcia
01/09/2010
* Nota da Recantista: Apenas uma prosa poética e nada mais...