A FILOSOFIA DO AMOR

     Chega como um posseiro. Medrosamente devagar ou impetuosamente audaz.

     Não pede licença, não quer saber se é ou não bem-vindo. Vai se acomodando nos cinco sentidos, como se a casa fosse sua.

     Quando tímido, examina tudo com medo. Quando desinibido, introduz-se perigosamente sem dar chance de defesa.

     E vai metamorfoseando sua vítima: olhar iluminado e distante, mãos trêmulas e frias, ritmo sanguíneo descompassado.

     São os primeiros sintomas.
     
     A partir do momento em que se instala e resolve ficar, provoca as mais controvertidas sensações: insegurança, alegria, medo, tristeza, auto-confiança, destemor.

     Torna-se audacioso para, logo em seguida, transformar-se em covarde.

     Aproxima, acorrenta, aquece, atordoa.

     É um paradoxal: alegre e triste, bom e mau.

     Incrivelmente misterioso, não tem definição. Como um camaleão, apresenta-se sob diversas formas numa só pessoa. É um dualista, mentiroso, uno, verdadeiro.

     Sabe-se apenas que ele existe e que sua filosofia é, ao mesmo tempo, altruísta e egoísta.

     Simplesmente invade... e ponto final!

(Poema "Amor", transformado em prosa)





Leuri Lyra
Enviado por Leuri Lyra em 09/08/2010
Código do texto: T2427650
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