NOS BRAÇOS DO RIO

Roubei-te um beijo com leve sabor a maresia. Meus lábios salgados

encontraram os teus e eu não resisti à irresistível sede de te beijar

cabelos

esvoaçantes ao vento da tarde solarenga com o rio a emitir seus traços

de prata nas ondas cavalo com espuma feita de galgos esbeltos feitos

de platina.

O sol encontra-se no seu zénite e o calor é sufocante: caminhamos em

direcção ao rio e arregaçando o teu vestido descalçaste as chinelas

e mergulhaste os teus pés na frescura da água reflectindo o astro-rei

no cós de minhas calças, que logo despi para juntos encontrarmos a água.

Brincamos

como dois adolescentes no vigor das águas frescas e demos as mãos para

que o compromisso e a alegria fosse mais coesa e em conjunto nadássemos.

Por um acaso no nosso deslumbramento engolimos água à medida

que sorriamos e o sorriso com algum atrapalhamento pelos goles desmedidos

fez-nos engasgar e tossir para alívio de nossas gargantas.

Retirando o cabelo dos olhos pudemo-nos ver com clareza e o silêncio pairou

no ar por instantes, olhos brilhantes e pestanas como se com com rímel

nadamos um até ao outro e beijamo-nos longamente.

Subindo o pontão de madeira velha que logo rangeu ao nosso caminhar

demo-nos conta que o melhor seria apanhar um pouco de sol, para dar uma

corzinha à brancura de nossa pele. Deitamos uma toalha no chão e

espalhamos um pouco de bronzeador e assim ficamos juntos e em comunhão.

Jorge Humberto

17/05/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/07/2010
Código do texto: T2383098
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