GAVETAS PENSANTES

Singulares em sua utilidade,

guardam em si, além de meias,

roupas íntimas, revistas pornô

e uma infinidade de objetos escusos;

lembranças dos tempos de floresta,

quando eram bebês.

Antigas como cedros ou jacarandás de verdade,

relembram dos velhos tempos de oxigênio à solta.

Cerejeiras loirinhas, perfumadas, sem preconceito,

amaziavam-se com mognos e angicos pretos.

As motosserras gestavam ainda em alguma

oficina de crueldades.

Gavetas pensantes, chorantes,

lembrantes dos bons tempos de adoção

por marceneiros competentes.

Que acabaram...assim como elas.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 07/07/2010
Código do texto: T2364129
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