A Mulher, O Homem.
Gritam os animais
Quando nascem os pequenos senhores de tudo
Habitam as pedras enquanto faz-se o mundo
Verde a relva molhada
Molhado
Tudo o que hoje é capim.
Fecha-se e abre-se a selva
Transforma-se
Pasto ou jardim.
Brilha o espelho da lua
Dia ou noite como a matriz
O Sol
Morde a isca o peixe
Ou nada
Ou cai no anzol.
Correm cavalos e outros animais do vento
O vento é mais um empréstimo do Sol
E os raios, o calor, a cor, tudo o que representa
E o leão que tem tudo emprestado
Urra agradecendo ao Sol
Que emprestou sem nada perder
E urra novamente o leão
Que pelo símbolo que é
Nada deve temer
Mas na alma da nova criatura
Símbolo análogo do indefinível
Habitam leão e Sol
Selva e relva
Peixe e anzol
Nesta nova criação
Filha de um abismo sem fundo
Tudo está unido
O fruto dos olhos
E o além destes mundos
Urra novamente o leão
Que de temido passou a temer
Urra por não saber
Que no fundo
Nada pode acontecer.
Do livro Lemniscata
capitulo 3 Criação “O movimento formativo” pág. 64