Ondas mornas
Decoro o sol com pressa. Se a vida me leva, será tarde?
Viajo horas pra me certificar que Deus mora onde tem mar. Volto pra roça porque homem tem raiz de Baobá.
Mas Deus, deitado em sua rede, há de largar por um instante a água de coco, parar de olhar as moças de biquíni, ou rapazes de sunga, que seja. E esquecer um segundinho só a música que as ondas fazem escondendo tudo que não é bom da gente, provando através dos oceanos sua “humilde” existência.
Nesse insight, depois de um bocejo, o Criador estala os dedos e resolve meu rumo de vez. Mesmo que fosse um milésimo de segundo, será que o Todo Poderoso levantaria de sua rede, em pleno sábado, frente Copacabana. (embora acredite que ele mudou de praia), só pra olhar pra mim?
Bem. Que se desse enfim o milagre meu pedido seria prático: que o Paizão se mudasse pro riachinho aqui perto de casa, e que eu ouvisse vez em quando, na peleja que me resta, a música das ondas do mar em seu final, daqui do meu quintal, chegando mansas na praia. Dizendo adeus.