SIMPLES
Cresci e desaprendi das coisas simples.
Enquanto criança, era tudo muito simples.
O afeto da mãe. O cinto do pai.
O colo da avó. O socorro da avó.
A avó era simples. Assim como era
simples o latido do Bijú. Um simples
cão que morria de ciumes de mim.
O arroz com feijão era simples,
a polenta com almeirão também.
O rádio balbuciava aquela música
simples dos caipiras. Não havia tv.
Nem simples nem complicada.
Era um momento que parou no tempo.
Minha tia simplesmente namorava
junto ao portão. Eu, seu simples sobrinho,
escondido, ria das coisas que não aconteciam.
Achava que o tempo não andava.
Que nunca ia crescer e nunca ia esquecer
daquele beijinho simples que lasquei na
Dulcinéia, minha namoradinha de 5 anos.
Essas lembranças me fazem muito bem.
Engraçado...pela primeira vez na vida
não consigo complicar um texto!