As pedras desprezadas

Você é formidável, observe o que a ti postei, lembre-se de um poema de Fernando Pessoa, mais precisamente de Ricardo Reis. Não quis ofendê-la, quem quer ouvir e entender bem aprende a ouvir primeiro o silencio das coisas, os das pessoas é muito mais natural quando querem desprezar. Portanto fique feliz, dê-me a mim os adjetivos que quiser, execre-me a mim, eu suporto... Ouvir o Silêncio hoje é dífícil. As pessoas são muito edenistas, além de procurarem maquinalmente, numa ilusão, uma âncora para que suas vidas tenham sentido... Eu gosto do Silêncio, converso com os ventos, com as águas, com as pedras, entre outros seres...

"SÓ quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas"

(OLAVO BILAC).

O defeito de Bilac é de que ele deixou eternizado, nos versos de Vialáctea, que ele admirava e entendia apenas um tipo de Pedra, as intensas e brilhosas, as ESTRELAS. Vivesse ele hoje talvez poderia ver que há pessoas que entendem pedras, pedras que num primeiro olhar, num olhar sádico e de caçador de BRILHOS, não lhes revelam nada... Mas podem desvendar uma beleza infinitamente maior que a de qualquer estrela. Isso apenas depende de onde vem a luz que as ilumina; essa luz não é de galáxias, mais dos olhos de quem as ver, é essa luz que as valorizam acima de qualquer outra coisa no Universo Inteiro, acima até mais mesmo do que aqueles olhos para os quais ela, a pedra, se torna tão imortal... Tão Imortal.

Portanto, com isso, quero dizer que gostava de seu silêncio...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 06/04/2010
Reeditado em 06/04/2010
Código do texto: T2179751
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