ESPÓLIO DO POETA
Feitos os laudos,
devidamente certificados,
a conclusão final:
O POETA MORREU!
Aí, a balburdia.
Morreu? Morreu de quê?
Morreu de amor? Morreu de dor?
Tantas perguntas!
E o advogado sindicante,
começou seu trabalho de
inventariante:
Escrivão, queira anotar:
Quase mil textos. Incompletos,
quase duzentos.
De amor, alguns, cerca de cem.
De discórdia, um tanto, mais de duzentos.
Dores da vida, mais um tanto: duzentos.
Alegrias, muito poucos: uns vinte.
Felicidade, menos ainda, uns cinco.
Tristeza.
Aí ficou difícil.
Quase todo o resto.
Cruel.
Um espólio normal.
Poetas não tem outros bens
que não a palavra.
Deveriam ,assim, morrer pobres.
Mas morrrem ricos.