ESPÓLIO DO POETA

Feitos os laudos,

devidamente certificados,

a conclusão final:

O POETA MORREU!

Aí, a balburdia.

Morreu? Morreu de quê?

Morreu de amor? Morreu de dor?

Tantas perguntas!

E o advogado sindicante,

começou seu trabalho de

inventariante:

Escrivão, queira anotar:

Quase mil textos. Incompletos,

quase duzentos.

De amor, alguns, cerca de cem.

De discórdia, um tanto, mais de duzentos.

Dores da vida, mais um tanto: duzentos.

Alegrias, muito poucos: uns vinte.

Felicidade, menos ainda, uns cinco.

Tristeza.

Aí ficou difícil.

Quase todo o resto.

Cruel.

Um espólio normal.

Poetas não tem outros bens

que não a palavra.

Deveriam ,assim, morrer pobres.

Mas morrrem ricos.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 05/04/2010
Código do texto: T2179345
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