CHIQUE NO ÚRTIMO
Eu sei que nasço e morro todos os dias.
Sempre nasço um pouco e morro um pouco.
Não consigo nascer pouco e morrer muito.
Nem o contrário.
Esse binômio vidamorte acaba resumindo
quase tudo que tenho.
Nasce a palavra e morre no texto.
Renasce no poema. Morre no tempo.
Em um bilhão de anos, garanto, ninguém vai
mais cultuar Fernando Pessoa.
A efemeridade das nossas verdades é ácida.
A eternidade das nossas mentiras é doce.
A crueldade das nossas justiças é amarga.
A maldade dos nossos pares é ímpar.
Morrer poeta é ótimo. Renascer em louros é chique.
No úrtimo.
Feliz Páscoa pra você.