Assombrando assombrações

O lençol que era branco se cinzou

no negrume da noite.

E o vulto vai e vem como o carro

de uma máquina de tricô.

Faço de conta que é dia e tem sol.

Assovio, disfarço. Faço de conta.

E o vulto vultua...tumultua as sombras.

Vai criando poças de aguardente.

O odor do cigarro apagado embrulha.

O som do sino da igreja nada ensina.

O uivar do vento é canção de noite.

Não há cores. Nem manejo tatos.

Só imagens. Impressão de regressão.

Vidas absorvidas pela história.

Meus eus entram em transe.

As assombrações tiram o véu.

E eu bem me dou conta que anoiteci.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 21/03/2010
Código do texto: T2151719
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