Assombrando assombrações
O lençol que era branco se cinzou
no negrume da noite.
E o vulto vai e vem como o carro
de uma máquina de tricô.
Faço de conta que é dia e tem sol.
Assovio, disfarço. Faço de conta.
E o vulto vultua...tumultua as sombras.
Vai criando poças de aguardente.
O odor do cigarro apagado embrulha.
O som do sino da igreja nada ensina.
O uivar do vento é canção de noite.
Não há cores. Nem manejo tatos.
Só imagens. Impressão de regressão.
Vidas absorvidas pela história.
Meus eus entram em transe.
As assombrações tiram o véu.
E eu bem me dou conta que anoiteci.