tem momentos em que não há absolutamente nada de novo.
é a mesma face ao espelho, o mesmo jeito de se vestir,
a mesma cama, o mesmo caminho, como se destino houvesse,
como se fazer prece trouxesse solução e não alívio, alienação.
os mesmos sonhos e medos, o mesmo passado, o mesmo pesar e
novamente sorrir, o mesmo jogo de gols perdidos e empates profiláticos,
o mesmo amor, como se o amor tivesse uma única e insubstituível forma.
nestes momentos pensamos proferimos escrevemos as mesmas palavras, mas feéricas, estas sabem sempre ser outras. não há nada de novo a se dizer, somente novas formas, novo estilo, rimas novas, o poema novo é antigo, a alma velha é eterna.
isto é amanhecer poeticamente, ainda que a noite tenha sido de angustiante filosofia, passada na companhia de velhos eternos fantasmas,
sem paz, sem sonhos, sem sono. noite feito noite, pode-se pôr luar, estrelas, sapos e lagoas, a noite sempre magoa quem não sabe dormir.
no dia branco (se branco ele for) quem me vir me acompanhará. dói transitar entre cegos, me faz só (estou sempre só, eu não mudo). esta é a maior importância que você tem em minha vida, a paixão, o amor, a admiração podem ser encontrados em várias almas, mas a compreensão e a sintonia, que temos, são tão raros quanto uma verdadeira poesia, e esta nós escrevemos, às vezes com seu olhar brincalhão, às vezes com minha patética fleuma filosófica. mas o poema é sempre nosso.
a rotina, a concretude, o convencionalismo, nos apresentam suas naturais armadilhas, suas barreiras à convivência, seu plano separatista, mas não irá nos corromper enquanto fugirmos a tempo para o céu, e como o céu é o habitat atávico de anjos e nuvens, estamos salvos. eu disse que nuvem é coletivo de fumaça, e isto acaba com toda poesia, você disse que Quintana disse que nuvens são eternas, o que torna tudo poesia. e os anjos? são anjas, isto não se discute, nem entre você e eu.
não há nada de novo, que bom, podemos, então, viver plenamente o que há: nós. você que eu fui, eu que você seria. teríamos nos escolhido se soubéssemos e pudéssemos? talvez sim, sou tuas defesas, és minha alegria, andamos como se o tempo nos afastasse, mas aqui sabemos que o tempo também é abstração, nada passa, nada muda, eu sou você lúbrico, você fui eu lúdico, então, se somos, prá que esta conversa?
ah, porque eu gosto de você, você que não existe sem mim, como na canção, nem eu sem você, o menino e homem tem o mesmo nome, a mesma alma, a mesma gana, a liberdade nos ensina, a vida nos engana, nela te encontro.
se há um encontro, há um recomeço. não devemos esperar a esperança, que é uma arma da abnegação e do vegetativismo, devemos, sim, encarar o final que está sempre próximo, no próximo passo, atrás da mesa, de passageiro no carro, do outro lado da rua, sempre ali, sabendo que tudo se acaba sem que antes o percebamos.
não é do fim que devemos fugir, é para o recomeço que devemos nos encaminhar. ontem acabou-se e agora estamos aqui, juntos, mais juntos ainda, porque existe vida e poesia, e existimos nós, desde todos os inícios, para os mesmos fins.
"e da solidão encurralada saio para a multidão dos combates, livre, pois na minha mão vai a tua mão, conquistando alegrias indomáveis..."
Pablo Neruda
é a mesma face ao espelho, o mesmo jeito de se vestir,
a mesma cama, o mesmo caminho, como se destino houvesse,
como se fazer prece trouxesse solução e não alívio, alienação.
os mesmos sonhos e medos, o mesmo passado, o mesmo pesar e
novamente sorrir, o mesmo jogo de gols perdidos e empates profiláticos,
o mesmo amor, como se o amor tivesse uma única e insubstituível forma.
nestes momentos pensamos proferimos escrevemos as mesmas palavras, mas feéricas, estas sabem sempre ser outras. não há nada de novo a se dizer, somente novas formas, novo estilo, rimas novas, o poema novo é antigo, a alma velha é eterna.
isto é amanhecer poeticamente, ainda que a noite tenha sido de angustiante filosofia, passada na companhia de velhos eternos fantasmas,
sem paz, sem sonhos, sem sono. noite feito noite, pode-se pôr luar, estrelas, sapos e lagoas, a noite sempre magoa quem não sabe dormir.
no dia branco (se branco ele for) quem me vir me acompanhará. dói transitar entre cegos, me faz só (estou sempre só, eu não mudo). esta é a maior importância que você tem em minha vida, a paixão, o amor, a admiração podem ser encontrados em várias almas, mas a compreensão e a sintonia, que temos, são tão raros quanto uma verdadeira poesia, e esta nós escrevemos, às vezes com seu olhar brincalhão, às vezes com minha patética fleuma filosófica. mas o poema é sempre nosso.
a rotina, a concretude, o convencionalismo, nos apresentam suas naturais armadilhas, suas barreiras à convivência, seu plano separatista, mas não irá nos corromper enquanto fugirmos a tempo para o céu, e como o céu é o habitat atávico de anjos e nuvens, estamos salvos. eu disse que nuvem é coletivo de fumaça, e isto acaba com toda poesia, você disse que Quintana disse que nuvens são eternas, o que torna tudo poesia. e os anjos? são anjas, isto não se discute, nem entre você e eu.
não há nada de novo, que bom, podemos, então, viver plenamente o que há: nós. você que eu fui, eu que você seria. teríamos nos escolhido se soubéssemos e pudéssemos? talvez sim, sou tuas defesas, és minha alegria, andamos como se o tempo nos afastasse, mas aqui sabemos que o tempo também é abstração, nada passa, nada muda, eu sou você lúbrico, você fui eu lúdico, então, se somos, prá que esta conversa?
ah, porque eu gosto de você, você que não existe sem mim, como na canção, nem eu sem você, o menino e homem tem o mesmo nome, a mesma alma, a mesma gana, a liberdade nos ensina, a vida nos engana, nela te encontro.
se há um encontro, há um recomeço. não devemos esperar a esperança, que é uma arma da abnegação e do vegetativismo, devemos, sim, encarar o final que está sempre próximo, no próximo passo, atrás da mesa, de passageiro no carro, do outro lado da rua, sempre ali, sabendo que tudo se acaba sem que antes o percebamos.
não é do fim que devemos fugir, é para o recomeço que devemos nos encaminhar. ontem acabou-se e agora estamos aqui, juntos, mais juntos ainda, porque existe vida e poesia, e existimos nós, desde todos os inícios, para os mesmos fins.
"e da solidão encurralada saio para a multidão dos combates, livre, pois na minha mão vai a tua mão, conquistando alegrias indomáveis..."
Pablo Neruda