Intenção de Artista
(1998)
© Dalva Agne Lynch
Meus textos não são para ler e gostar, eu suponho.
Pelo menos não é esta a minha intenção.
Quero, não que me digam: Puxa, muito bem feito.
Puxa, gostei. Mas que digam: é isso o que sinto.
Acho que prefiro provocar lágrimas
Ao invés de aquiescência...
Não escrevo para a mente dos entendidos
Mas para o coração que dói.
O que diz: Ninguém me entende. Estou sozinho.
Quero que quem leia diga: eu também sou assim.
Eu também sinto assim. Eu também entendo.
O meu ritmo segue o ritmo do coração, não da regra.
E se saio do ritmo em meus poemas, é porque, também na vida
Perco o compasso, erro o passo, saio da linha...
Gosto quando aquela senhora da esquina
Cujo marido se foi com a menina vinte anos mais jovem
Lê meus textos e chora, e depois sorri
Porque encontrou uma alma gêmea.
Gosto quando a menina que sonha encontrar o amor
Lê meus poemas e pensa: talvez seja melhor
Que eu use minha cabeça
Ao escolher o meu amor.
Entende? Não busque em meu poema o ritmo, a rima
A originalidade. O que digo saiu da disritmia da vida
Da desigualdade do destino
Do lugar comum que é o sofrimento
Que, como o Eterno
Não faz distinção de pessoas...