Arrasta-se o tempo e nele rastejo incrédulo, passivo
“expectativo” . Aguardo a cura, ao tempo o mal não
 perdura, mas quanto mais tempo assisto, mais dor
agrego, saudades sinto, lembranças recordo,
esperanças desisto.
 
O relógio teima em bater segundos, quisera fossem
anos, rápidos, mágicos, e que apenas o gosto do amor
se mantivesse na boca, e olhar antigos retratos tomado
de sã nostalgia, as mãos quentes já esquecidas do teu
calor, o sexo exigente perdido do teu orgasmo, como
ouvir uma boa velha banda de Rock and Roll.
 
Porque hoje é sexta-feira sinto assim, e a noite
novamente serei todo solidão e desespero, esquecido
em presenças amigas, hipócrita no corpo amante,
lúcido nos prazeres etílicos, fugindo pela madrugada
em busca do passado, como se antigas ocasiões
pudessem trazer novas expectativas.
 
Insisto na dor, na mágoa, é assim que consigo manter
minhas cadeias ligadas a você, não pode mais ser
festa seja sofrimento, não pode ser canto seja lamento,
apenas, não pode ser sem você.
 
 
(este poema um dia foi para alguém, hoje é para todas vocês, musas moças mulheres meninas, poetisas do meu cotidiano)