trouxe a este canto meu cantar de outrora
quando dormia somente após o terceiro minuto
da aurora, uma hora que fosse;
trouxe-mouxe aquilo que o dia pedia
restaurando o versejar, um verso que era silêncio
tornou-se silenciar, aquele que era sonho
acabou em desejo. as palavras produziram jóias
como o rubi burilado. o beijo? este foi-me dado
roubado, devolvido, guardado, e ainda há tantas
bocas para beijar.
as águas viraram lacrimas que viraram sangue
que viraram mel que virou gota, que me inundou.
o amor não mudou, mudaram, como sempre,
as amantes, e todas elas, sendo só ela; o grego
me ensinou que quem conheceu uma mulher conheceu
todas, e eu aprendi que moça mulher menina são
apenas facetas da indivisível alma feminina.
tudo isto eu canto, como quem quer tocar
a pele, o instrumento sonial, labial, a matéria
suave, arrepiada, molhada onde caminha o gozo
anunciado num sonido, numa interjeição, num pontear...
as amadas que o tempo guardou – no tempo onde para
sempre estou, passaram, deixaram seu rastro de cometa,
seu cheiro e seu brilho de arlequim, amálgama de
opala e colibri; tarde descobri que sem elas não poderia
viver, e já vivia,e as eternizava e seguia, no tempo que passou.
acabar-se-iam os cantos, em breves dias no recanto
pois por preguiça, ou respeito à dor, eu pouco escrevi os
amores de antes (ficava deitado na rede, concebendo um
poema, desenhando um rosto que o ouvia, repassando as
músicas que fariam fundo, o que se diria, o que se sentiria,
e o poema ia... e não voltava – sobre a dor, ela doía, eu deixava,
ela doía e afinal passava, esta dor que ainda dói todo dia –
quanto aos amores, quem está amando sabe que, o tempo
todo, só o que fazemos é amor ).
o poema de hoje, do amanhã, veio daqui deste sitio, de inspirações
dos comentários, de alegria das interações, das promessas
impossíveis, das críveis, às desejadas, as pedidas,
as aclamadas, destas vozes às vezes sem rosto, desse gosto de
doce, que vem dos céus, das matas, das metrópoles, das
acrópoles, dos lares – não me venham de bares, a estes eu vou! -,
estas poetisas, sacerdotisas profanas, insanas, insaciáveis
seres de luz e de escuridão, de saudades e esperanças, de paralisia
e dança, de filosofia e crença, de amor, muito amor e paixão, de
solidão e solidariedade, de infortúnio e graça, de vocês é o milagre
da poesia que se multiplica.
ah, musas, o espelho me acusa de refleti-las somente, de ser lago
e não narciso. eu o contradigo, não as reflito, abduzo-lhes os
desejos e traduzo a alma. musa moça mulher menina, a indivisível
e indecifrável alma feminina, a poetar por mim.
o poema de ontem também se foi, quando acordei hoje, já havia partido, acho que se fora assim que chegou. deixemos que parta, alguém há de encontrar-lhe os versos n’alguma esquina da fantasia com a solidão.
o poema de hoje não estava pronto, não dormia, urgia...
quando dormia somente após o terceiro minuto
da aurora, uma hora que fosse;
trouxe-mouxe aquilo que o dia pedia
restaurando o versejar, um verso que era silêncio
tornou-se silenciar, aquele que era sonho
acabou em desejo. as palavras produziram jóias
como o rubi burilado. o beijo? este foi-me dado
roubado, devolvido, guardado, e ainda há tantas
bocas para beijar.
as águas viraram lacrimas que viraram sangue
que viraram mel que virou gota, que me inundou.
o amor não mudou, mudaram, como sempre,
as amantes, e todas elas, sendo só ela; o grego
me ensinou que quem conheceu uma mulher conheceu
todas, e eu aprendi que moça mulher menina são
apenas facetas da indivisível alma feminina.
tudo isto eu canto, como quem quer tocar
a pele, o instrumento sonial, labial, a matéria
suave, arrepiada, molhada onde caminha o gozo
anunciado num sonido, numa interjeição, num pontear...
as amadas que o tempo guardou – no tempo onde para
sempre estou, passaram, deixaram seu rastro de cometa,
seu cheiro e seu brilho de arlequim, amálgama de
opala e colibri; tarde descobri que sem elas não poderia
viver, e já vivia,e as eternizava e seguia, no tempo que passou.
acabar-se-iam os cantos, em breves dias no recanto
pois por preguiça, ou respeito à dor, eu pouco escrevi os
amores de antes (ficava deitado na rede, concebendo um
poema, desenhando um rosto que o ouvia, repassando as
músicas que fariam fundo, o que se diria, o que se sentiria,
e o poema ia... e não voltava – sobre a dor, ela doía, eu deixava,
ela doía e afinal passava, esta dor que ainda dói todo dia –
quanto aos amores, quem está amando sabe que, o tempo
todo, só o que fazemos é amor ).
o poema de hoje, do amanhã, veio daqui deste sitio, de inspirações
dos comentários, de alegria das interações, das promessas
impossíveis, das críveis, às desejadas, as pedidas,
as aclamadas, destas vozes às vezes sem rosto, desse gosto de
doce, que vem dos céus, das matas, das metrópoles, das
acrópoles, dos lares – não me venham de bares, a estes eu vou! -,
estas poetisas, sacerdotisas profanas, insanas, insaciáveis
seres de luz e de escuridão, de saudades e esperanças, de paralisia
e dança, de filosofia e crença, de amor, muito amor e paixão, de
solidão e solidariedade, de infortúnio e graça, de vocês é o milagre
da poesia que se multiplica.
ah, musas, o espelho me acusa de refleti-las somente, de ser lago
e não narciso. eu o contradigo, não as reflito, abduzo-lhes os
desejos e traduzo a alma. musa moça mulher menina, a indivisível
e indecifrável alma feminina, a poetar por mim.
o poema de ontem também se foi, quando acordei hoje, já havia partido, acho que se fora assim que chegou. deixemos que parta, alguém há de encontrar-lhe os versos n’alguma esquina da fantasia com a solidão.
o poema de hoje não estava pronto, não dormia, urgia...