Observei dois sonhos que se beijavam, um feito de
amor o outro ausente de ódio; lindos, emocionaram-me, puxaram duas lágrimas gêmeas. Nascedouras do mesmo sentimento, caíram, todavia, de diferentes olhos, que tinham o mesmo olhar para as lágrimas que se
afastavam.
 
Sorri um meio sorriso, todo ele de esperança que a dor fosse de fato fingimento, porque não o sendo, seriam
duas dores: uma de sofrimento e a outra de desilusão.
 
Parei de pensar e não morri, parei de morrer e não vivi; parei de esperar e não cheguei, parei de chegar e não encontrei; parei de procurar, só não parei de parar. 
 
Escrevi a carta de despedida mas não consegui me
dizer adeus, pedi a deus que me fizesse crer nele e no
 seu mundo; rompi com os homens porque não os teria, rompi com as mulheres porque as queria.
 
Desta catarse sobraram poucos pedaços, os que
caíram marcam minha estada no tempo, dos que
ficaram farei meu recomeço no espaço, afinal,
eu
sou meu sol, e me disseram que
ainda há muitas auroras por acontecer.