DESPEDIDAS
Despeço-me deste ano moribundo
como quem passou batido.
Aforante alguns amigos que fiz,
confesso não ter vivido feliz
trezentos e tantos dias.
Mas, o consolo é que ele, como nós,
morre e renasce.
E a felicidade, por ser um estado
de espírito e não de direito, também
vai morrendo e nascendo sem jeito.
Eu sempre gostei de anos pares.
Os ímpares me parecem egoístas e
são palco de grandes tragédias.
E grandes comédias políticas.
Das matérias afetivas, sempre
nada conclusivas, nada tenho a expor.
Falar de amor em ano par, ai sim
eu vou falar.
Queria me despedir dos dias de chuva.
Da violência sem bandeira.
Dos novos heróis da água.
Sem heroínas, nem seringas...só talento.
É meu velho ano...você está indo embora.
Vá com Deus, que o ano novo me namora.