O HOMEM FAZ SONHAR
Não, o tempo não aprende que o homem não desistirá da perseguição. Perseguirá os sonhos e a juventude e a infância e o amor. Perseguirá as horas boas, os carinhos dos momentos breves, dos beijos em segundos, minutos. Não, o tempo não aprende que o homem, mortal ser, perseguirá todo instante de beleza e fugacidade, todo sopro de vida e viço e músculos e corpos e abraços e prazer. Não, o tempo não aprende que, por mais que corra - o homem - também correrá. Por mais que passe - o nominável humano - se apressará.
Não, o tempo não aprende que o homem é mistério em sua finitude. Faz do mundo um berço, um palco, um lago e um mar só para contemplar. E cria motores, voa no céu, se solta no ar. Vira pássaro, vira peixe, descobre mundos, assusta e se assusta com que o ainda está por inventar.
Mas é mortal, é frágil, é simples e breve.
Mas é chama que um vento do leste apaga sem avisar.
Mas é homem, simplesmente homem...
Apesar disso, desafia o tempo.
E o tempo não aprende que o homem faz sonhar...