NADA PRA DIZER

Meu gramofone está mudo.

Nada pra cantar.

Meu telefone mudou pra outra roça.

Nada pra gente se ligar.

Meu acordeon se aquietou num canto.

E o violão desacordou.

Nada pra dizer nesse dia de graça.

Hoje é primeiro.

Primeiro de dezembro.

O primeiro dia do último mês.

Do ano. Quem sabe, do ante penúltimo ano.

Eu fico pensando que não tenho medo.

Seja um meteoro, seja uma gripe.

Nada pra dizer a quem vai me levar.

Vim de mãos vazias.

Vazias vão voltar.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 01/12/2009
Código do texto: T1955142
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