NADA PRA DIZER
Meu gramofone está mudo.
Nada pra cantar.
Meu telefone mudou pra outra roça.
Nada pra gente se ligar.
Meu acordeon se aquietou num canto.
E o violão desacordou.
Nada pra dizer nesse dia de graça.
Hoje é primeiro.
Primeiro de dezembro.
O primeiro dia do último mês.
Do ano. Quem sabe, do ante penúltimo ano.
Eu fico pensando que não tenho medo.
Seja um meteoro, seja uma gripe.
Nada pra dizer a quem vai me levar.
Vim de mãos vazias.
Vazias vão voltar.