AOS MENINOS DE RUA
Entre ruas sujas de excrementos de animais
meninos brincam, na doce inocência de sua
infância. Os carros ali parados em cima dos
passeios não são incómodo para os seus jogos
e sua criatividade vê-se a todo o instante,
improvisando campos para brincar dê lá por
onde der.
Nas janelas roupas secam ao vento a brancura
do dia e a todo o momento senhoras vêm à
janela gritar com os meninos, para que estes
tenham cuidado com a bola, por causa das
roupas limpas e dos vidros partidos.
Os meninos ouvem atentamente e acham sempre
que essas coisas não lhes vão acontecer a eles,
afinal só querem brincar e têm cuidados
reservados, para não afectar ninguém, mas no
empolgamento é natural que uma ou outra roupa
absorva o impacto de um bola chutada por um
verdadeiro campeão e por não ter para onde ir a bola
se direccione a um vidro, acabando o jogo na hora,
com todos a fugirem para suas casas para não serem
acusados de tal infracção.
Passado o susto todos se reúnem e se tiverem sorte
recuperam a bola e descem até à baixa da cidade,
para aí continuarem a peleja, em cima de um espaço
bem mais abrangente e coberto de erva bem verde.
Muitos trazem frutas e pão para irem comendo
consoante o passar do dia vai pedindo novas energias.
E assim são muitos meninos de rua, alguns vão algumas
horas à escola mas acabam fugindo e todos reunidos
até que a lua se mostre alta no céu, são eles os amigos,
os irmãos e os pais uns dos outros…
Amigos inseparáveis de todas as horas e
circunstâncias, sua lealdade para com os outros
é inquestionável, e não os tomem por ignorantes,
que a si se governam muito bem. E quando os pais
regressam a casa, os meninos, meio adormecidos,
contam como foi mais um dia de lutas e de imensas
vitórias, junto dos seus, de agora e de sempre.
Jorge Humberto
18/11/09