Meus castelos
Andei só tanto tempo que perdi a linha do espaço, das primaveras e segui andarilho pelo universo, calejando meus pés e minha alma, plantando flores e não sentindo seu perfume, andei só, por tanto tempo. Mesmo quando havia mãos dadas as minhas, minha alma voava por ai, só, distante deste mundo, buscando o buscar, tentando estar próximo a Deus, se afastando do inferno dos homens. Andei só e soube o quanto a solidão se tornou minha companheira, gritei aos ventos toda minha alma, minha poesia, soltei junto ao pó meus sonhos e esperei retornar, hoje vejo castelos de areia feitos se sonhos e pó, grandiosos e belos, frágeis, como todo sonho é. Admiro tudo que é belo, todo sonho, amor e paixão, o que o vento me trás agora, é o desmoronamento de minha solidão, que tanto cativei, trás palavras vizinhas que não via por ai, pelos caminhos e por minha historia, longo caminho para perceber que o tempo não ensina o suficiente em seu trajeto, tanto se falou em meus ouvidos neste silencio neste curto trajeto que parei para escutar minha solidão que me surpreendi, realmente, vivemos para saber o dia, aprender e amar, não acumulamos fatos e experiência, apenas sentidos, a solidão apenas me ensinou a andar só e nada mais. Hoje percorro de volta o caminho onde todos diziam não voltar jamais, e me deparo com o perfume das flores que plantei, campos inteiros coloridos e extravagantemente cheios de beleza e amor, sinto o perfume e sei agora não ando só, mesmo que dentro de toda minha insanidade, a imaginação e os sonhos, meus castelos frágeis e sustentáveis, são então, minha nova moradia.