FAZER DE CONTA

Eu quis fazer de conta que era lúcido.

Olhei à volta e vi tudo embaçado.

Não tinha bebido. A minha sobriedade

dispensava bafômetros.

Vivia cansado de loucuras expostas.

Já nem cantava mais alegrias...

talvez alergias.

Esse doido reprimido ia explodindo

de sanatório em sanatório.

A exuberância do silêncio era a madrinha

de todos os momentos pagãos.

Justificar a quem, tamanha ousadia?

Fazer de conta era melhor.

Pelo menos, podia me disfarçar de poeta.

Ninguém iria açoitar um poeta louco.

Redundâncias que o tempo criou...

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 06/11/2009
Código do texto: T1909226
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