FAZER DE CONTA
Eu quis fazer de conta que era lúcido.
Olhei à volta e vi tudo embaçado.
Não tinha bebido. A minha sobriedade
dispensava bafômetros.
Vivia cansado de loucuras expostas.
Já nem cantava mais alegrias...
talvez alergias.
Esse doido reprimido ia explodindo
de sanatório em sanatório.
A exuberância do silêncio era a madrinha
de todos os momentos pagãos.
Justificar a quem, tamanha ousadia?
Fazer de conta era melhor.
Pelo menos, podia me disfarçar de poeta.
Ninguém iria açoitar um poeta louco.
Redundâncias que o tempo criou...