JURO QUE VI
Juro que vi um vulto.
Passou de raspão entre eu e mim.
Não seria assombração porque é dia.
Nem, sequer, um exú. Não deu pra reparar no olhar.
Não seria também um anjo. Não ouvi o ruflar de asas.
Apenas passou de raspão.
Nada de som, nada de odores, nada de toques...
Talvez tenha vindo do outro mundo.
Do outro mundo interior de mim e quisesse fugir.
Pior, sem ser notado.
Talvez quisesse ganhar a liberdade.
Ou dar uma espiada no mundo exterior.
Ou ainda, uma escapadela em busca
da felicidade.