Gozar de verdade

Tudo bem, cedemos sim ao apelo dos moldes do tal perfeito, mas digo, o corpo é belo. Não importa como seja, é belo. Curvas, contornos, músculos, hormônios, tato seco, tesão a flor da carne, pele que derrete, vinculo a estabelecer, mas digo logo, sem poesia não dá, sem alma não tem vinculo. O gozar vem da alma, não do corpo, os olhos atraem, mas a alma penetra. O suor molha a pele, a pele raspa o desejo e o desfaz em migalhas evaporando dois corpos em nevoa intensa. Buscamos o toque, é certo, mas nos envolvemos pela alma, é obscuro. Entrelaçamos corpos, riscos, desejos e libido em busca do clímax x ou y, desenhamos em folha de pontilhados o que é para pontilhar e depois desenhar, com sorte colorir. A sensualidade aflora no seu tempo, em sua hora, sentimos isso, no domínio, a alma e seus sentidos, decidimos algo, besteira, achamos isso, na verdade, os sentidos falam por si, e se abrirmos os olhos bem direitinho, deixar a alma penetrar o coração, e o corpo fazer seu serviço que sim, acredite, independentemente de nossas hábeis e indiscutíveis sabedorias inúteis que nos convencemos ter, nossos corpos sabem onde ir, como fazer, sentir e se entrelaçar, deixe isso por conta, apele ao coração, a alma, e depois disso, goze de verdade.