delíros do momento
Somos resultado de um feitiço e de uma vontade divina, metade de nós mesmos, uma unidade dividida, e o que nos alimenta é a fé, a fome e o sexo, o que veio antes e que postergaremos, o silêncio - que não existe de perto, o acerto e o que erramos, tudo ao mesmo tempo, toda parte num mesmo momento, no conjunto, somos resultados de explosões atômicas e cataclismos naturais, sem futuro, mesmo tendo inventado a física quântica e a metafísica, todos os deuses e todos os einsteins e platão, feito todas as belas canções e poemas.
Somos partículas de toda a divisão, meio sal meio doce, algo que não tem gosto, sem sentido, mas antenado em todos os nuances, com sangue quente nas veias e o raciocínio a nos pautar pela razão. Ficamos a esmo, pensando no universo e no ácaro - que nos ataca, nos átomos e nas bactérias, mas queremos os astros todos e as galáxias mais distantes. E eu nem mesmo consigo destravar a chave que emperra, outros, largar um vício, dirigir um carro.
Somos cenário, sonho, ficção, virtual, e também o mais acabado ser do planeta, o que se tranca, se isola e se suicida, faz sexo com as mãos num banheiro e acha que é tudo normal, natural, que não há deus nem demônio, que o sonho é só um descanso, reflexo. Plantamos tanto e vemos a fome escancarada e nem nos comovemos. Tantos lances esquisitos, tantos aflitos, tanta gente e tantos só. Tanta palavra e nada para dizer do que ainda não foi dito, nenhum buda, nenhum cristo, nenhuma solução.