Tudo de mim
Meu coração ainda jorra sangue. Minha mente ainda transborda idéias. Meus lábios ainda dizem tanto o quanto se pode ouvir. Estou vivo. Compreendo o porque do ser, sei que não estou a passar em branco, almejo o sentido de tudo e rejeito o querer subjetivo sem conhecimento ou sentimento. Sou massa falida entre as vísceras desta corporação, dita humana e feita em pratica desumana. Vivo nos subterfúgios e entrelinhas, no obscuro do entendimento, na força e no vácuo da incredulidade do ser que sabe tanto. Almejo tão pouco ao olhos de tantos, e tanto ao meus olhos, paradigma que vai dia a dia se tornando parábola, e durmo aos sons de meus próprios contos, enfim, sou bom contador de historias. As rachaduras já são nítidas em minha face, seria e bruta, olhar cansado de quem ainda luta. Firme mantenho minha poesia, no aguardo de que não seja em vão. Cada estaca que perfura meu peito apenas se colore púrpura, e sim, minha poesia convence, mas não, não é isso, nem assim, quero trocar as juras em sangue, em mente, em alma e lábios, quero o desejo puro e bruto, tal qual foi criado, dentro do corpo e da palavra, quero assim, não assado, já havia dito. Meu corpo grita e estouro os tímpanos do mundo, sem problemas, ainda sei escrever e espero que o mundo ainda saiba ler.