Era amor
Era amor. Era uma casa, sem nada, sem rede e sem chão, tem teto e sem pinico, sem nada. Era um trabalho, duro e suado, sem ouro no fim, apenas duro, era difícil. Era calor, era terra de ninguém, era outro mundo. Era eu, ali, sem sentir o mundo, sem querer mais nada, desejando alguém somente, sem brilho ou requinte, é, era amor. Senti o mais nobre dentro de mim, vi que o resto era apenas todo o resto, sabia que não queria saber de mais nada, deixei passar as águas e tudo que nelas viessem junto, deitei ao leito do rio, olhei o céu, ouvi a musica, senti o perfume, beijei calando meu falar, minha poesia, a poesia que vinha contra partindo em meu encontro, calei não só os dois lábios, mas o universo, pulsei meus sonhos, bati mais forte meu coração, fui jovem, amei, era amor. Tranquei-me em um quarto, sem nada, só os corpos, panos e o calor, pinturas nas paredes realçavam o toque, as cores faziam musica em silencio, eram vivas, eram latentes, não tenho duvidas, era amor. Tanto amor, poderia acabar, achei que sim, mas vejo que como o homem tem a mutação de sua carne, pensar, alma, o amor também tem suas mutações, inconstâncias e evoluções, crescemos descompassados do amor, ele pleno porem mutante, segue veloz e estável rumo ao ciclo, nós, frágeis e seguidores do conhecer, aprender e tentar entender, em certa hora, soltamos a mão do amor, deixamos como em carrossel distanciar em meio a luzes e encantos, pensando porem não agindo, fazemos assim, somos assim, mas acredito que sentir o amor, é a fonte da juventude de toda alma, mesmo que uma vez, mesmo que lá longe, no passado, mesmo que distante do toque, sentimos, aprendemos, absorvemos a falta do simples, entendemos, para depois, logo ou longínquo, entender que o amor é uma das bases mais solidas do homem, seja em sua plena vivencia, ou em sua falta, sim, o que seria da poesia sem as duas vertentes. Somos assim, tenho certeza que era amor, hoje, ao menos, se cruzar com ele na rua, sim, vou saber dizer oi.