MEU AMIGO E COLEGA ROLANDO BOLDRIN...-Matéria do Cantinho do Zé Povo-O Jornal de Hoje-Ed. de 19/20.Set.2009

Violeiro, poeta, ator, compositor, apresentador de televisão; que tive a felicidade de conhecer pessoalmente no dia 14 de maio de 2004, em Cotia-SP.

Fui me encontrar com o dito, cujo, referido (valei-me Cel. Ludrugero!), nascido em São Joaquim da Barra-SP, no ano de... Ramo dexá o ano prá lá!... E no seu escritório, na cidade de Cotia, na Granja Viana; cheguei a uma conclusão: Fora do palco, no aconchego do seu escritório, lindamente ornamentado com motivos caipiras; “o cabra é munto mió do que in riba do páico”... Prá começo de conversa, me recebeu, a exemplo do meu querido Dominguinhos, de uma maneira que eu jamais imaginei ser merecedor... Batemos papo a tarde inteira, me levou para conhecer sua Fundação, que dá assistência a menores carentes; e me deleitou com tudo o que ouvi daquele a quem me atrevo chamar de parceiro, na luta em defesa das nossas raízes culturais. Contou todo tipo de causo que se possa imaginar; saboreamos seu café nas suas canecas de ágata; com “bolo ainda morno”; e depois o indivíduo ainda mandou me deixar no Embú das Artes, onde fiz uma apresentação num Colégio da Municipalidade. Mas, durante nossa prosa, o indivíduo me deu uma verdadeira aula de cultura popular e eu não posso deixar de passar para você, querido leitor (a), um dos causos que o peste me contou entre uma caneca e outra de café (daquele torrado no cáco...). Contou-me o Rolando, que lá em sua terra, São Joaquim da Barra-SP, havia um padre italiano chamado Padre Mário, que tinha um carisma sem limites; cativava a todo tipo de vivente. E lá na sua cidade, tinha um desses meninos, conhecido no bairro inteiro por suas “estripolias”, que era “deverasmente” (êita, Odorico Paraguassú...) apaixonado por sua bicicleta colorida. Naquele dia, o menino passeava no pátio da matriz, fazendo visagem, andando numa roda só, empinando, rodopiando; enfim, fazia miséria com a bicicleta, encantando quem passava por ali. De repente, surge um táxi e atira o menino longe, com bicicleta e tudo. Graças a Deus o menino não levou mais que um galo na testa; mas a bicicleta virou um “cambão”... O menino sentou-se na escadaria da igreja e se pôs a chorar:

- Ai, meu Deus... Perdi ela...Eu gostava tanto dela; e agora, meu Pai do Céu ?...

Nesse momento, surge um enterro de dentro da igreja; um enterro de uma velhinha de 92 anos; com bastante gente e o Padre Mário acompanhando. E ao passar pelo menino que se lamentava pela bicicleta, o padre, sem saber de nada, tentou consolar o garoto:

- Não chore, meu filho; Deus bem sabe o que faz...

- Sabe nada, seu pade; eu perdi ela, que era a coisa que eu mais gostava. Como é que eu vou viver sem ela ?

- Calma, meu filho; todos nós temos nossa hora (e o enterro andando).

- Mas eu não sei viver sem ela; todo dia, antes de dormir, eu dava um beijo nela. Eu ia comer, antes tinha que dar um beijo nela; de tanto que eu gostava dela.

Aí, o padre, já quase sem paciência, falou:

- E de mais a mais, meu filho; você há de convir que ela já estava bem velhinha; não é ?

Aí, para o espanto do padre, o menino “disparou”:

- É... Mas a rodinha de detrás ainda estava boa!...

Bob Motta
Enviado por Bob Motta em 19/09/2009
Código do texto: T1818840
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