SÓ NÃO CHORES NA PARTIDA

Uma minúscula semente germina sobre a terra.

Cai a chuva que nutre o frágil broto a crescer,

Com um viço que o torna seguro e forte.

Nas intempéries é acariciado ou arrebatado pelo vento.

No inverno cresce e fronde a olhos vistos,

E no verão o solavanco do tempo tira-lhe o alento,

Mas a natureza em seu continuo ciclo,

Faz-lhe crescer em caule e na robustez das folhas.

De copa frondosa e de uma juventude nobre,

Armadura forte ao seu vital cerne encobre,

Preserva a seiva que lhe permite a vitalidade,

Nos dias que se sucedem noite após noites.

No decorrer da vida, fornece o pouso e a sombra,

E em redor muitos seres vivem, fenecem ou descansam,

Os seres que trabalham, outros tantos que se lançam,

Rumo ao desconhecido. De longe se ouve o ruído,

Do vento subindo na encosta da grota,

De encontro à robustez do tronco, no alto sacode a copa.

Os galhos de lá despencam, as folhas de lá se soltam,

O vento as torce levando-as pra longe dali.

Ora frondoso e forte, hoje o idoso muriqui,

Para os outros sua sombra já lhes é escassa,

Suas folhas amareladas quase não existem graça,

Seus galhos não mais servem como poleiros de outrora,

É um ciclo que se fecha em um tempo que se perde.

A natureza sucumbe, quando uma beleza se apaga,

Novas sementes e brotos por sobre a terra renova,

São esses grãos que eclodem e que eternizam a vida,

Assim sendo ela não finda, apenas renasce, germina,

Quando o sinal da nova vida, em consonância explode.

Novas árvores, novas copas e o ciclo não se finda.

Rio, 05/09/2009

Feitosa dos Santos