ODE AO CENTRO OESTE

Vem, irmão!

Caminhemos por esta terra imensa,

ponta de lança ferindo o latifúndio de deus: a amazonia.

Este Centro Oeste, grandeza incrustada

no meio do mundo.

Vem ver o Araguaia, o rio praia

ouvindo do Avá-Canoeiro a pocema rolando

pelos olhos tristes do Tocantins.

Caminhemos mais,pelos cerrados

amanhosos que esbarram nas barrancas do

Parana-íba, matizando de grãos dourados as

tulhas do lavrador

Vem ver as florestas vetustas, morada do

caipora e do saci pererê, onde as flores só

têm cores nas asas das borboletas,

quando esvoaçam lá pras bandas do

Maranhão ou do Grão Pará, cortando retas

no céu do caminho de ferro que há de

acordar a onça pintada nas terras de lá

Vem, caminhemos mais!

Ver o chocalho do Aruanã no compasso

sonoro dos navios singrando águas que são

caminhos eternos no acalento de Couto

Magalhães e nem se assuste pela serenata

das sirenes ou dos pontudos chaminés

brincando de ciranda com as nuvens do céu.

Vem, irmão !

Vem ouvir o ronco da terra saindo das entranhas

violentadas na procura do ouro generoso

e dos campos emprenhados fluindo gotas

de leite e mel para mitigar a fome dos que

ficaram na grande espera.

Caminhemos mais, inda mais!

Vem limpar a poeira dos arados nas águas

dos pantanais e galopar na garupa

do Arinos, enquanto aguapés rodopiam

ligeiros lá pelas bandas da Bolívia.

Vem ver o peixe brincar na rede do

pescador, neste Cuiabá de tantas legendas e

sentir o abraço enorme deste Rio Paraguai

fundindo-se no chaco, enquanto espelha

este Corumbá, de tantos heróis.

Vem mais, inda mais!

Ouvir o canto dos pantanais nas guampas

dos bois que empanturram as terras da

Cidade Morena:beber, sem pressa, o tereré

das Aquidauanas e cavalgar ligeiro para

Juruena ,onde moram a Iara e o boitatá,

guardas sagrados do lugar onde a terra

parindo serranias separou águas do Prata e do Amazonas.

Vem, marchemos muito mais!

Vem ver as pegadas de Rondon e sentir a

Madeira-Mamoré pedindo passagem para o

sertão sem fim ,para que o amanhã,

que está chegando,não faça atalhos

pelos caminhos do Sul.

Na volta, irmão; verá que o vento com o

cinzel dos tempos, talhou nas rochas, os

altares da eternidade.Se tiver cuidado ,

ouvirá o lamento daquela noiva que em

noite de graciosa lua,de saudade e de

abandono, chorou lágrimas que formaram esta

Itiquira que caminha sem parar,para lugar nenhum.

Este é o Centro-Oeste que o Anhangüera

fincou no coração do Brasil.

,

SSPóvoa
Enviado por SSPóvoa em 31/08/2009
Reeditado em 01/12/2012
Código do texto: T1785417
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