FOGUEIRA DOS DESEJOS

Ao crepitar da lenha devorada pelas chamas,

a combustão traga as partículas atmosféricas,

flâmulas desprendem fugazes,

ao relento,

a proximidade aquece.

Olhares declamam alegrias histéricas,

mundos desconhecidos se juntam,

ecos fonéticos se unem,

fecundam:

alegorias pretéritas,

danças tribais,

ziziar dos insetos,

grunhir dos animais,

orquestra ambiental.

Na queda extravagante da cachoeira,

surge um componente elementar,

névoa se expande,

umedece o ar.

Fitando as labaredas amareladas,

tudo em volta é conspiração:

cabana de delícias amorosas,

ardente envoltório do corpo,

recanto protetor,

prover,

desejos exagerados,

inéditas fórmulas de amor;

galopar as curvas da pele nua,

deleitar-se

no fogo dos enamorados.

Implosão sentimental.