"LIBERDADE"

De LuizFalcão

Qual pássaro que ingênuo pousa para comer o grão,

Que por mais arisco que seja em laço se vê.

E assim, qual pequena ave engaiolada, a “Liberdade” finda,

Na rotina do não e do sim;

E do talvez;

E do quem sabe;

E do não sei.

“Soltai-me, peço-vos, para a vida lá fora!”

Implora a “Liberdade” tristonha, agitada nas grades da gaiola!

Seu clamor é a bela melodia que todas as manhãs antes de raiar o dia,

A todos na casa acorda,

Vibrantes, belas e inúteis notas,

Flutuam no ar sem resposta.

Não há quem entenda tratar-se de uma súplica!

E assim, chora a “Liberdade” em todas as manhãs de todos os dias,

Exceto um.

O canto súplice termina...

Pobre “Liberdade”!

No chão da gaiola cansou de cantar!

O suplicatório em notas sufocou na garganta!

Não salta mais “Liberdade” em seu pequenino cárcere dourado!

Caída no fundo de sua injusta prisão,

Jaz inerte a ave graciosa.

Dos olhos vívidos extinguiu-se a luz.

Jamais verão novamente os galhos da arvore onde nascera.

Nem suas asas em surf planarão nas ondas do vento.

Nem seu canto encherá de notas harmoniosas o firmamento.

Morreu!...

Morreu mesmo a “Liberdade”?

Desistiu do seu brado a poderosa ave?

“Liberdade”!... “Liberdade”!... “Liberdade”!...

O grito de “Liberdade” não pode morrer!

Enquanto houver quem sonhe com ela,

Enquanto existirem encarcerados,

“Liberdade” será “Esperança”,

E “Esperança” tornar-se-á “Vontade”

E “Vontade” será novamente “Liberdade”.

“Liberdade” alçará um vôo ainda mais alto e mais livre.

Planará como a águia,

“Liberdade” nunca mais cantará o canto dos aprisionados,

Nunca mais ao chão pousará para comer o grão.

Arrebatará ainda em vôo suas presas,

Elevando-as as alturas, alimentando-se dos sonhos e dos anseios!

Avolumando seu canto em ondas sonoras que se espalham no ar,

O brado eterno que ecoa nas almas humanas!

Seu ninho estará nos altos rochedos.

Contemplando a planície dos campos,

As copas das matas, o leito dos rios e as ondas dos mares.

Não haverá limites além do horizonte para a fênix ressurgida,

Reerguida das cinzas da morte.

Senhora dos céus, novamente livre a amada

“LIBERDADE!”

01/06/2004.

Luiz Falcão
Enviado por Luiz Falcão em 12/08/2009
Reeditado em 13/11/2013
Código do texto: T1749774
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