DITO & FEITO
A gente não vê os aléns
quando não quer vê-los.
E poetas não são alegres
nem tristes por acaso, mas,
quem sabe, por voto de escrevança.
Quando separam o poeta do ser, um dos dois morre.
Difícil é entender essa ruptura sem velórios.
Talvez um dos dois vire palhaço.
O que vem a ser ainda pior.
Poeta alegre e palhaço triste não existem.
O que o primeiro escreve de triste
o segundo finje que ri.
Fotografar as almas com
as lentes do tempo,
é o que há de melhor
nesses seres entranhos.
E, aqui entre nós,
poeta que se preze não se faz,
já nasce feito.
E dito.