DE TODAS AS MINHAS VERDADES
De todas as minhas verdades,
a que mais se sobressai é o modo
mentiroso de como canto o amor.
Nem sei bem se é por excesso ou
falta do próprio.
Sei que fico inventando palavras
e colorindo flores desbotadas.
Desenho os desejos mais doidos,
todos, absolutamente todos,
absolutamente cheios de pecado.
E quando quero só um esboço
da virtude que adocica o amor puro,
o crayon tinge de fel as linhas
dessa pauta sem harmonia.
De todas as minhas verdades,
a que mais gosto é saber que,
apesar de tudo, mesmo sem vê-lo,
insisto em vivê-lo.
Por excesso de ânsia ou desvelo.