ODE ÀS MÃOS
São mãos, que lavram a terra…
as mesmas que, cuidadosamente, no chão,
com a ajuda, de uma enxada,
vão abrindo, pequenos rios,
levando água, às frágeis sementes,
acabadas de plantar,
quer faça sol, ou se abata a chuva.
Mãos calejadas, ostenta-as o pescador,
por uma vida inteira, puxando redes…
e, que, em chegando à praia, depois da faina,
rudes golpes, na carne viva, suportando dor
imensa, ainda têm de concertar,
a malha salgada, estragada, pelo esforço,
queimando a f’rida aberta.
E mais estas mãos suportam… do vidro, o
estremo calor; do ferro, a dureza, descomunal;
das minas, o minério, a rocha; do aço, as
colossais, temperaturas; do gelo a apanha
da fruta; do martelo, o ângulo certo, da pedra,
calçando estradas, estancando o sangue,
com lenços enrolados, cobrindo dedos e mãos.
E depois temos as mãos do artista, de todos
os artistas, que se servem, da sensibilidade,
do toque, para as suas raras criações. Sim…
mesmo o poeta, recebe suas vibrações, partindo,
das ampolas, de seus dedos.
Ah, mas não há nada, como as mãos puras de
uma criança ou de um velho! E a protecção, que
estas transmitem, vinda de nossos pais… ou
relevando carinho, de um amigo… um passar
apaixonado, pelos cabelos, de quem amamos.
E muito, muito mais, teria a dizer, da importância
das mãos… salientando aqui, por exemplo, as
dos bombeiros; dos médicos; dos cientistas; dos
inventores, que, pelas suas mãos, de um modo,
altruísta, dispõe-se, a melhorar o mundo… e mais…
e mais… e mais… Ah, se eu fosse, poeta!
Jorge Humberto
07/07/09