ACHO QUE MORRI
Ela era uma graça, de nome Maria.
Maria da Graça. Cabelos lisos, negros.
Rosto de anjo. Olhar de quem olha mar.
Quando via minha musa a caminho da escola,
perdia o rumo e o coração vivia em puro descompasso.
No recreio, meu lanche era procurar por ela.
E me alimentava da emoção de ver aqueles
cabelos em fitas, duas tranças, dois laços e
mais um que eu queria ter, mas não tinha.
Minhas notas refletiam aquela paixão incontrolável.
Nada mais tinha graça se não visse Maria da Graça.
Um dia, um milagre, uma graça de Deus.
Toquei em sua mão. Tremi. Suei. Branco total.
Tinha sete anos. Acho que morri.