REPLANTAR O AMOR
Ainda é tempo de lavrar essa terra.
Remexê-la. Sufocá-la de sementes e
a todo instante, aguá-la.
O solo é sempre fértil quando há na cultura,
ternura.
As ervas daninhas que viverem, juro,
verão que não há inverno
para o cultivo do futuro.
Sempre é tempo de roçar o passado.
Se não foi bom, nem produtivo,
que não seja remissivo também.
Se daquele solo erodido não sobraram raízes,
melhor, vai ser mais fácil tutelar nova safra.
De momentos felizes.
Ainda é tempo de buscar o tempo perdido.
Buscar novos tempos, novos ventos, novas chuvas.
Plantar uvas.
Espantar as raposas. Criar novos ninhos.
Viver noutros cantos. Tomar novos vinhos.
Replantar o amor. Sempre, mais e mais.
E viver a beleza de lindos trigais.
Ainda é tempo. Esquece o calendário.
Olha pra vida como quem vê um aquário.
Bota ternura na tua nova cultura.