NADA MAIS IMPEDE
Nada mais impede que eu
faça versos descabidos.
Procurei por santos de carne e osso
e só vi imagens de barro.
Busquei anjos da guarda e descobri
que estavam em greve na corporação.
As estrelas mentem sua idade.
Como pode, se são os pirilampos do céu?
Os homens da Terra só pensam no metal.
Que já foi vil. Hoje vale ouro.
E que não vale nada.
Nada mais impede que eu faça versos sem rima.
Nem os críticos.
Eles não enxergam um palmo à frente do universo.
Quando muito, usam lentes grossas.
E são daltônicos.
Mas são gente boa, embora
fiquem sempre rimando amor com flor.