DONA FLOR
Conheci Dona Flor quando eu
era só um abelho.
Ela era gentil. Deixava-me
beijá-la. Mas nada de abusos.
Dona Flor era assim toda
arrumadinha e perfumada.
Parecia uma dondoca e me esperava
ansiosa todas as tardes.
Claro que nunca disse, mas eu sei.
Um dia, desses em que pairam emoções no ar,
Dona Flor resolveu ir ao centro da cidade.
Queria porque queria comprar
um vestido branco.
Eu, preocupado, disse a ela:
-Não vá. Assim, desnuda, você já é muito linda
e está sempre vestida de amor.
Ela braba, respondeu na hora:
-Vá te catar! Não vês que vou casar?
-Casar? Dona Flor! Casar com quem?
-Com um abelhudo que me beija.