AMOR MAIOR, AMOR MENOR.
Quando o poeta é pego de surpresa,
quer seja por uma meliante ou um
amor larápio, perde a voz e os sentidos.
Desavisados, desarmados e distraídos,
poetas são campeões de roubadas.
E o pior é que conhecem a trama,
mas se deixam levar por sussurros
eróticos e toques internéticos.
A figura que ataca não poupa seus egos
nem respeita aquela fragilidade exposta.
É um morde e assopra e morde e assopra
que mais parece teatro do absurdo.
Pior ainda é que são vários alvos, e entre
os preferidos estão quase sempre
quarentões acima, resolvidos ou não.
Escrever no recado “eu te amo” é como
dizer em bom tom “mãos ao alto,
isto é um assalto, agora você é meu”.
Amor maior tem os poetas.
Amor menor tem quem
apenas quer ter um poeta.