MEU INVENTÁRIO

Prefiro não fazer testamento.

Inventário é melhor.

Pior...Nem sei das cartas de amor

que escondi até de mim.

Aquele baú de beijos roubados.

Calhamaços com poesias de 15 anos.

Promessas de amor eterno por um dia.

Pedras preciosas devidamente devolvidas

todas as vezes em que tudo acabou.

Quisera fossem ao menos de zircônia!

Vão encontrar todos os meus imóveis

retratos, amarelados pelo tempo.

Alguns presentes que guardei de lembrança.

Algumas lembranças que guardei do presente.

O inventariante vai ter que ser forte.

Os bens de um poeta são tão intangíveis

quanto a tristeza de um quarto vazio.

E quando a morte chegar, que chegue

de mansinho, sem assustar os herdeiros.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 08/05/2009
Código do texto: T1583599
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